A poeira que toma conta das arquibancadas do Parque do Peão de Boiadeiro e o movimento menor nos hotéis demonstram que Barretos não é a mesma de outrora. A pandemia afetou em cheio o turismo na cidade. Mas com o avanço da vacinação contra o novo coronavírus, os moradores não têm dúvidas de que, em 2022, o maior rodeio da América Latina não só estará de volta, como será ainda maior.

Realizada há 65 anos, a Festa do Peão de Boiadeiro colocou a pequena Barretos, distante 420 quilômetros da capital paulista, em outro patamar de relevância nacional, atraindo investidores que possibilitaram o desenvolvimento local, não só no âmbito do turismo, mas de quase todos os setores. Hoje, por exemplo, o Hospital de Amor é referência em tratamento contra o câncer e recebe milhares de pacientes de todo o país.

Nascido e criado em Barretos, o empresário Giovane Barroti, de 52 anos, acompanhou de perto essa transformação. Proprietário de duas fábricas de fertilizantes, Barroti diz que o município é um dos mais importantes no norte do Estado. O Produto Interno Bruto (PIB) per capita da cidade, atualmente, é de R$ 39,5 mil, o quinto maior da região.

“Nos últimos 15 anos, especialmente, tudo mudou. Barretos era movida pelo agro, mas, agora, tem muitos outros segmentos crescendo cada vez mais. Quando era moleque, no Distrito Industrial, por exemplo, só tinha mato. Havia uma ou duas empresas instaladas. Hoje, está tão lotado, que inauguraram outro Distrito Industrial”, afirma.

É no Distrito Industrial II, inclusive, que estão instaladas as duas fábricas de Barroti. Cooperado da Sicoob Cocred há 13 anos, o empresário é técnico agrícola, químico e doutor em microbiologia de solo, e se tornou empreendedor após trabalhar como consultor na área de fertilizantes. Mesmo assim não deixou de lado as raízes no agro: ele também é produtor de cana-de- -açúcar e laranja. “Tenho lavouras no Mato Grosso do Sul e no noroeste de São Paulo. Em Barretos, só as fábricas, sendo uma de adubos líquidos e outra de adubos sólidos. Fico mais em Barretos, porque nasci na cidade, minha família é toda de Barretos. Tenho um carinho especial por esse município, é a minha casa”, diz.

A agroindústria é o segmento econômico de maior destaque na Região Administrativa de Barretos – principalmente produtos relacionados à cana-de-açúcar, laranja e carne bovina. Dois frigoríficos são grandes exportadores e empregadores locais. Saúde e turismo também se destacam ao lado da prestação de serviços e do comércio, que recebe até moradores de cidades vizinhas.

Proprietário de uma rede de supermercados, Rodrigo Sanches de Oliveira, de 45 anos, guarda as lembranças de uma Barretos sertaneja e nostálgica. Os pais eram donos de uma mercearia, que tinha como diferencial uma máquina de beneficiamento de arroz. Aos poucos, a clientela foi crescendo e o mercadinho expandiu até se tornar a rede dos dias de hoje.

“Barretos ficou por um bom tempo estagnada, mas, nos últimos dez ou 15 anos, se desenvolveu bastante e rapidamente. Reformaram até as ruas e avenidas, chegaram grandes empresas e tudo isso deu um ar de cidade maior, mais organizada”, diz o empresário, que é cooperado da Sicoob Cocred há 10 anos.

A cooperativa, aliás, participou ativamente do processo de expansão e desenvolvimento da cidade, tendo a primeira unidade inaugurada na cidade em 2003, durante um ousado projeto de avanço pelo interior paulista. De lá para cá, o número de cooperados só cresceu.

Outro dado que demonstra a importância da atuação da Sicoob Cocred, fomentando a economia de Barretos, é o volume de crédito concedido pela cooperativa, que somou cerca de R$ 206,4 milhões em 2022, o que representava 10% de todo o estoque de crédito da cidade, segundo dados do Banco Central.

Na prática, os números podem ser traduzidos em desenvolvimento: estudo da Fundação Instituto de Pesquisa Econômicas (Fipe) estima que a cada R$ 1 concedido em crédito pelas cooperativas, R$ 2,45 são gerados no PIB da economia local. Ao mesmo tempo, o cooperativismo de crédito possibilita a criação de 6,2% mais postos de trabalho e aumenta o número de estabelecimentos comerciais em 15,7%. “As taxas são menores, não tem burocracia. A gente tem um contato próximo com o gerente e consegue resolver tudo mais fácil. Por exemplo: fiz um consórcio imobiliário e achei que demoraria muito tempo, mas fui contemplado rapidamente e o dinheiro já foi transferido.

Em outras instituições financeiras, tudo demora mais”, diz Oliveira. Isso acontece porque o cooperado está no centro das ações da cooperativa. Ele é considerado “dono do negócio”, com direito a participar das decisões e receber parte dos resultados, ao final de cada exercício, proporcionalmente à suas movimentações financeiras. Em outras palavras, o foco do trabalho não está no lucro, mas nas pessoas.

O empresário Ricardo Francisco da Silva, de 46 anos, conhece de perto essa realidade. Cooperado da Sicoob Cocred há quatro anos, Silva diz que sempre contou com o apoio da cooperativa nos projetos pessoais e nos negócios. Ele é proprietário de uma loja de materiais para construção e de uma empresa de empreendimentos imobiliários, ambas em Barretos.

“A Cocred tem um atendimento diferenciado e personalizado. Resolvo tudo o que preciso muito facilmente. A cooperativa chegou  a Barretos com outro conceito de instituição financeira, totalmente alinhado aos dias de hoje. Por isso, a gente quase não trabalha com bancos tradicionais, só com a cooperativa”, afirma.

Essa confiança dos cooperados na Sicoob Cocred também é expressa no total aplicado por eles em Recibos de Depósito Cooperativo (RDC), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA) e Letras de Crédito Imobiliário (LCI), que somavam, em 2022, R$ 156,3 milhões e representavam 23% do volume de depósitos a prazo na cidade, ainda de acordo com o Banco Central.

Então, na medida em que fomenta o crescimento dos seus cooperados, a Sicoob Cocred contribui com a abertura de novos negócios e a geração de empregos, estimula o consumo e o fortalecimento de vínculos, enfim, o desenvolvimento do município. Assim, a cooperativa cresce e se desenvolve junto com Barretos. Silva concorda com a afirmação, destacando que a cidade que vê hoje pelas janelas do carro é bem diferente daquela que percorria de bicicleta na infância.

Polo de educação, referência em saúde e destaque agroindustrial no país, Barretos é muito mais do que somente a capital nacional do rodeio. “Era uma cidade bem interiorana mesmo. Além de a população ter crescido, virou um canteiro de obras, com grandes avenidas e empresas multinacionais que estão acreditando no nosso potencial. Você vai a qualquer outra cidade com 120 mil habitantes no interior e percebe que não é tão evoluída, quanto Barretos. É por tudo isso que tenho orgulho em ser barretense”, diz.

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