Mercado promissor: Sicoob Cocred fortalece empreendedores do ramo da beleza e estética

24.02.25

O relógio marca 14h30 de uma segunda-feira. Não é feriado na cidade. Tampouco está ocorrendo uma promoção avassaladora, dessas que fazem clientes pernoitar na porta da loja. Mesmo assim, os corredores da perfumaria Belezer, localizada em um centro comercial em Barretos (SP), estão lotados.

Desde a inauguração da unidade, em março de 2024, essa tem sido uma realidade comum, que supera as expectativas do empresário Alexandre Pereira de Brito e demonstra que o mercado de beleza faz jus à fama de ser um “setor imune às crises econômicas”.

Exemplo disso é que só nos dez primeiros meses de 2020, apesar das incertezas impostas pela pandemia de Covid-19, as vendas de produtos voltados aos cuidados com a pele cresceram 161,7%, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).

Os números aguçaram o interesse de Brito, que, mesmo com a carreira consolidada como proprietário de três restaurantes dentro do mesmo centro comercial, decidiu diversificar os negócios e passou a investir no mercado de beleza. Uma escolha acertada.

O setor cresceu 30,5% em termos absolutos nos últimos cinco anos e é considerado um dos maiores do mundo, atrás apenas de Estados Unidos, China e Japão, de acordo com levantamento da Redirection International, empresa especializada em desenvolvimento corporativo.

“A Belezer foi uma das melhores coisas que fiz, em termos de negócios, nos últimos anos. O ramo da beleza é muito empolgante. A cada mês tem um novo produto e as pessoas procuram por eles. Isso, para quem lida diretamente com comércio, é um paraíso”, afirma o empresário.

Natural de Presidente Prudente (SP), Brito se mudou para Barretos em busca de oportunidade para empreender. Considerada estância turística, a cidade – sede do maior rodeio da América Latina – também é reconhecida como local adequado para investir no comércio, uma vez que atrai turistas de toda parte do mundo.

Só na última edição, a Festa do Peão de Boiadeiro movimentou R$ 395 milhões em receita direta para o turismo, atraindo 900 mil visitantes, conforme dados da Secretaria de Turismo e Viagens do Estado de São Paulo.

E foi em Barretos que o empresário ouviu pela primeira vez sobre cooperativismo. A Sicoob Cocred, uma das maiores e mais sólidas cooperativas financeiras do país, foi recomendada por clientes de um dos restaurantes que o empresário administra.

Em conversas informais, Brito passou a conhecer todas as vantagens de se tornar cooperado: atendimento próximo e personalizado, portifólio de produtos e serviços com tarifas competitivas, direito a voto nas assembleias, participação nos resultados, entre muitos outros.

O empresário procurou então a agência da Cocred e, desde o primeiro contato, a parceria com a cooperativa rendeu bons frutos. O mais recente deles é a aquisição de um veículo para transporte de mercadorias, a partir da contratação de um consórcio.

“As taxas são bem diferentes em relação aos bancos. A taxa de administração no consórcio, por exemplo, é muito menor na cooperativa. Tenho alguns consórcios na Cocred e facilitam muito a vida do empresário, que precisa se virar e estar atento a todos esses detalhes”, afirma.

Brito já projeta expandir os negócios em 2025 e, mais uma vez, vai contar com o apoio da Cocred. Em nove meses de atividade, os 80 metros quadrados da loja de cosméticos já não comportam o fluxo de clientes.

“Nesse curto período que estamos com a loja, tenho conversado com a gerência do espaço comercial para ampliar. Pretendo deixar a loja só com maquiagem e levar a linha de perfumaria para uma unidade maior”, detalha o empresário.

Dos cabelos às unhas

A menos de cinco quilômetros da perfumaria Belezer, a cabeleireira Daniela Garcia se desdobra para encontrar um espaço na agenda entre um atendimento e outro. Com 25 anos de experiência, Daniela acompanhou de perto as mudanças no mercado de beleza nas últimas décadas. Se, durante a pandemia, Brito se impressionava com os resultados do setor, mesmo ainda fora dele, Daniela tinha a fidelização das clientes como esteio para driblar a crise.

“Passei pela pandemia de forma tranquila, justamente por ter essa relação consolidada com as minhas clientes. Estar sempre acompanhando as tendências é algo que também influencia muito nesse mercado”, conta a cabeleireira, destacando ainda a importância das parcerias, como a que mantém com a Cocred.

Cooperada desde 2019 e adepta da maquininha de cartões Sipag, Daniela diz que as condições especiais ofertadas pela cooperativa fazem toda a diferença. “As taxas menores e a questão de não pagar aluguel da maquininha ajudam muito no final do mês”, complementa.

Inserida em um expressivo universo de 1,3 milhão de empresas do setor de beleza no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Daniela tem o salão como principal fonte de renda e ainda emprega outras três profissionais.

Em 2025, mais duas pessoas devem integrar a equipe, considerando a demanda crescente. Otimista quanto ao futuro, Daniela planeja investir no negócio, com foco na qualidade do atendimento e do serviço prestado.

“Deixar a cliente satisfeita, feliz, independentemente se é um simples corte ou uma grande mudança, é muito bom. É o que mais me motiva enquanto profissional. Trabalhar com beleza, com autoestima, é ver o poder da transformação em forma de satisfação”, afirma.

Daniela Garcia, cooperada da Cocred desde 2019

Se a demanda está favorável, a oferta tende a aumentar. Diante de um mercado promissor, expandir é a palavra da vez e deve ditar o rumo do novo ano aos empreendedores da beleza. Segundo projeção da Redirection International, o mercado brasileiro de estética deve crescer, em média, 7,2% ao ano e chegar ao final de 2027 com faturamento de US$ 40 bilhões.

Em crescimento acelerado, entre janeiro e setembro de 2024, o Brasil registrou a abertura de 170 mil pequenos negócios como cabeleireiros, manicures, pedicures e lojas de cosméticos. Isso corresponde à criação de aproximadamente 700 novos estabelecimentos por dia, de acordo com levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Quem tem aptidão, quer aproveitar o bom momento do setor. Até mesmo as empresas que já estão consolidadas.

É o caso da Val Esmalteria, de Marília (SP), cujo diferencial é o atendimento express, sem agendamento. A cliente entra e é atendida a qualquer momento. Inaugurado em 2018 pelo casal Thiago Epiphanio e Val Brito Epiphanio, o estabelecimento atendeu 84 mil pessoas só no último ano.

Engenheiro civil por formação, Epiphanio conta que nunca se imaginou empreendendo no segmento de beleza. A mulher, apesar dos 23 anos de experiência em gestão de pessoas na área de moda, que se relaciona de certa forma com o setor de estética, também tinha outros planos profissionais, quando ambos decidiram arriscar. “Era algo desafiar do ponto de vista de experiência. Mas os números eram excelentes indicadores”, afirma.

O casal encontrou em um modelo novo de negócio a oportunidade de autonomia financeira que almejava. A ideia de um salão diferente de tudo que já conheciam era interpretada como algo que seria um total fracasso ou um sucesso estrondoso. Contando com um time de profissionais experientes, aos poucos a ideia foi ganhando forma.

“Não sei fazer unha, cabelo, nem outro tipo de serviço da área, mas entendo de pessoas e, hoje, entendo plenamente do negócio. A gente vem de fora do caminho tradicional: a pessoa que já atuava na área e cresceu tanto enquanto prestador de serviços que conseguiu abrir o próprio negócio”, analisa Val.

Ofertando serviços como hidratação de cabelo, escova, manicure, pedicure e design de sobrancelhas, a Val Esmalteria caiu no gosto dos clientes e se multiplicou em franquias. Atualmente, são duas unidades em Marília e outra em Joinville (SC), com expectativa de novas inaugurações.

“É um projeto que acreditamos e, ao mesmo tempo, um desafio grande. Hoje, são aproximadamente 50 prestadores de serviço atendendo, por dia, até 300 clientes”, detalha Epiphanio. “Somos pioneiros e já temos vários concorrentes. De certa forma, isso é bom. Então, esperamos que 2025 seja ainda melhor, seguindo a tendência do setor”, completa Val.