Foi anunciado, nesta quarta-feira (28/06), o Plano Safra para a Agricultura Familiar. Os pequenos produtores rurais do país terão à disposição para o próximo ciclo, que começa neste sábado (1º/07), um total de R$ 77,7 bilhões. Só para o Programa Nacional da Agricultura Familiar (Pronaf), serão R$ 71,6 bilhões, 34% a mais que os R$ 53,6 bilhões disponibilizados na temporada 2022/23. Este volume de crédito será dividido da seguinte maneira: R$ 41,6 bilhões para custeio e R$ 30 bilhões para investimentos.
Os outros R$ 6,1 bilhões serão destinados a ações de assistência técnica e extensão rural, políticas de preços mínimos e garantias, como o ProAgro, além de compras de produtos pela esfera pública.
Somando com os recursos que o Governo Federal havia anunciado na terça-feira para médios e grandes agricultores e pecuaristas, de R$ 364 milhões, o Plano Safra fechou em quase R$ 442 bilhões, o maior da história.
Como será?
Os juros para os agricultores familiares vão variar de 3% a 6% ao ano, exceto para aqueles que se enquadrarem no Pronaf B, que concede microcrédito para produtores em situação de vulnerabilidade social. Neste caso, a taxa será de 0,5% ao ano.
Para os que produzem alimentos consumidos no dia a dia, como arroz, feijão, trigo, amendoim, frutas e legumes, será de 4% para custeio. E quem mantém mecanismos de produção sustentável, como agricultura orgânica, sistemas agroecológicos, além de atividades extrativistas e que valorizam a sociobiodiversidade, terá juros de 3% para custeio e 4% para investimentos.
Mais alimentos
O governo anunciou uma nova roupagem para o programa Mais Alimentos, que visa estimular, com crédito de R$ 4,3 bilhões e em parceria com a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), a produção de equipamentos voltados a pequenas propriedades. Em relação ao ciclo anterior, os juros baixaram de 6% para 5%.
Para mais informações sobre o Plano de Safra, é só clicar aqui.
Agricultura sustentável
O aumento da temperatura global, causado sobretudo pelas altas emissões de gases do efeito estufa, provoca uma série de alterações no planeta. Entre elas, está a extinção de espécies da fauna e da flora, a possibilidade de desastres naturais e a dificuldade na produção de alimentos.
Para minimizar esses impactos, tanto a população quanto as empresas devem se comprometer com práticas sustentáveis. Como o agronegócio está no cerne dessa questão, um conceito cada vez mais colocado em prática nos últimos anos é o da agricultura sustentável.
Esse conceito diz respeito ao conjunto de práticas que, diferentemente da agricultura tradicional, é marcado por maior respeito ao meio ambiente. Para isso, os recursos naturais são utilizados de maneira mais racional, de modo a evitar, ao máximo, os impactos ao ecossistema.
Apesar de muito discutida atualmente, a agricultura sustentável surgiu na década de 1970, momento em que os impactos negativos da agricultura convencional passaram a ser percebidos. Assim, surgiu a demanda por produtos mais saudáveis e economicamente viáveis do ponto de vista social — o que permanece até hoje.
Quais são os seus objetivos?
O principal objetivo da agricultura sustentável é a promoção da produtividade de forma consciente, reduzindo os danos para o meio ambiente. Além disso, proporciona maior rentabilidade ao produtor rural a partir do aumento da produção, da redução de custos de insumos e de uma maior equidade econômica e social.
Para que esse propósito seja atingido, o conceito ainda prega outros objetivos importantes, como:
- redução do uso de fertilizantes, adubos químicos e pesticidas nas plantações;
- adoção de fontes alternativas de energia, como a solar e o biodiesel;
- produção de alimentos saudáveis;
- diminuição de desperdícios e da degradação do solo;
- adoção de formas de reutilização da água;
- eliminação de florestas para ampliar áreas agrícolas;
- aumento da produtividade e da qualidade de vida no campo, sobretudo pelo investimento em tecnologia.
Quais são os seus benefícios?
Ao adotar boas práticas de agricultura sustentável na produção, um profissional do campo passa a contar com diversas vantagens — tanto para si quanto para o planeta. A seguir, confira as principais.
Maior retorno financeiro
Com o uso racional de recursos naturais e a diminuição dos impactos ao meio ambiente, a produção evita desperdícios e tem maior valorização no mercado. Afinal, os clientes tendem a adquirir produtos de lavouras em que tenham sido adotados manejos responsáveis e conscientes. O principal reflexo desse cenário é um maior retorno econômico para os produtores.
Melhoria na qualidade do solo
Esse é outro benefício da agricultura sustentável no Brasil e no mundo, que traz impactos diretos no dia a dia dos profissionais do setor. Com a adoção de medidas para eliminar a degradação do solo, há ganhos quanto à qualidade e à produtividade da terra, redução da erosão, purificação do ar e da água, e maior produtividade da lavoura.
Aumento do valor agregado dos produtos
O valor de um produto nada mais é do que a relação entre sua qualidade e seu preço. Nesse caso, a agregação de valor ocorre quando as pessoas percebem ganhos nas características do item que adquirem, pois a agricultura sustentável age justamente nesse sentido: negócios mais sustentáveis e que se preocupam com o meio ambiente tendem a ter um maior valor no mercado.
Quais são as melhores práticas a serem adotadas?
Para promover atividades mais sustentáveis na agricultura, é necessário implantar uma série de práticas moldadas por processos ecologicamente corretos. A seguir, listamos três práticas comuns nesse segmento.
Agricultura de Precisão (AP)
Permite um monitoramento das atividades agrícolas de formas mais eficientes, por meio de tecnologias avançadas, como sensores, drones e GPS. Qualidade do solo e quantidade de água utilizada são alguns dos aspectos mapeados.
A partir desses dados, é possível implementar melhorias e decidir qual o melhor momento de plantar ou colher. O produtor consegue, ainda, com essas informações, reduzir o desperdício de insumos e de água, já que saberá exatamente a quantidade necessária e onde é preciso utilizá-los.
Controle biológico
Insetos, parasitas, vírus, bactérias e outros micro-organismos são comuns em lavouras, podendo impactar negativamente toda a produção em questão de dias. Para controlar essas pragas, surge o controle biológico, que consiste em utilizar os inimigos naturais dos invasores para evitar os prejuízos causados por eles.
Manejo Integrado de Pragas (MIP)
Essa prática consiste em usar táticas para prevenir pestes e doenças na lavoura, a partir de estratégias como o controle de níveis de pragas, o monitoramento da população de insetos, o uso da cadeia alimentar a favor das culturas, entre outros. Assim, é possível reduzir os custos e aumentar a produtividade.
Como a tecnologia colabora para uma agricultura mais sustentável?
A automatização dos processos agrícolas é considerada uma prática cada vez mais importante para promover a sustentabilidade no campo e, claro, melhorar os resultados dos produtos. Isso levou, até mesmo, à criação de um novo conceito: a tecnologia verde, que consiste em usar tecnologias para diminuir os impactos ambientais das práticas do agronegócio.
Há uma série de itens inovadores que podem ser utilizados para um trabalho mais sustentável. Os robôs agrícolas, por exemplo, substituem grandes máquinas controladas por humanos e têm uma atuação mais eficiente, pois geram informações capazes de potencializar a produção. Da mesma forma, drones são amplamente utilizados para capturar imagens, monitorar áreas, identificar problemas, entre outras tarefas.
A Inteligência Artificial (IA) é outro exemplo de tecnologia que pode ser empregada no setor rural. Ela diz respeito a um conjunto de ferramentas e recursos que, quando implantados na colheita, promovem uma melhor gestão ao ajudar o agricultor a coletar informações, processar dados e tomar decisões.
Uma produção mais sustentável, consciente de seus impactos e preocupada com as gerações futuras é algo que veio para ficar. Com a ajuda da agricultura sustentável, é possível colocar isso em prática e aproveitar diversos benefícios, que vão desde a redução dos impactos ao meio ambiente até uma maior lucratividade para o negócio.
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