Amor na receita médica: animais de estimação ajudam em tratamentos de saúde

Amor na receita médica: animais de estimação ajudam em tratamentos de saúde

Dante percorre os corredores de um dos maiores hospitais da América Latina a caminho da Unidade de Terapia Intensiva. É assim toda segunda-feira. Ele demonstra saber que pacientes aguardam a visita dele. Em um dos leitos, encontra Mário Alves de Oliveira, caminhoneiro, 63 anos, que está no hospital para tratar um tumor. De pé, ao lado da cama, Dante recebe um afago do novo amigo, que está eufórico. E retribui, revelando um dos atributos de quem faz esse trabalho já há quatro anos: gostar de pessoas.

A cena seria corriqueira em uma unidade de saúde se o “doutor” Dante não fosse um cachorro. O Golden Retriever é um dos cinco cães que participam do projeto Cão Carinho, implantado no Hospital das Clínicas (HC) de Ribeirão Preto. Foi o primeiro. Depois, vieram as Golden Joy e Panqueca, o Shih-tzu Duque e o vira-latas Samba.

Foi a médica intensivista Maria Auxiliadora Martins quem levou a ideia para o hospital. Entre 2017 e 2018, ela passou um ano nos Estados Unidos, onde conheceu o trabalho. “Quando voltei ao Brasil, soube que já havia alguns locais que faziam e resolvi começar em 2019, no HC, na UTI, onde estou todos os dias. Tenho o domínio do espaço e pude garantir ao hospital que tomaria todos os cuidados”.

O Cão Carinho aumentou a ligação da própria Maria Auxiliadora com os animais. O convívio com eles, antes restrito à infância, agora está dentro do apartamento. A médica tem uma cadelinha maltês. “Ela já é da família. É gostoso o jeito que ela me recebe. Então, estou tendo essa experiência, agora. O projeto acabou trazendo os cães para a minha vida”.

Aos poucos, outros setores do HC começaram a requisitar a presença dos animais do projeto Cão Carinho. E apareceram novos voluntários, encantados com as propostas de promover bem-estar, melhorar a autoestima e reforçar os tratamentos convencionais no restabelecimento da saúde física e mental.

Além de Maria Auxiliadora, o projeto conta com mais uma médica, Bruna Lemos da Cruz, uma assistente social, Cristina Ramos Meira, uma técnica de enfermagem, Zilda Maria da Silva, e duas adestradoras, Camila Facchini e Ana Alice Vercesi.

Ana Alice explica que o bem-estar dos animais também é priorizado. Os cães de tutores que desejam participar devem ter noções básicas de adestramento. “Sentar, ser conduzido na guia, caminhar tranquilamente, sem pular nas pessoas ou ficar muito agitado. Mas a gente não usa força, não usa correção. Precisa que o cachorro esteja muito tranquilo para realizar as ações que a gente define. E é fundamental que seja apaixonado por pessoas. Amar o contato humano, a interação. Essa é uma característica básica”.

Da esquerda para a direita: a adestradora Ana Alice; a tutora do Dante, Clarissa di Primio; o tutor da Joy, Gilberto Pajolla; a técnica de enfermagem Zilda Maria da Silva; a médica intensivista Maria Auxiliadora Martins; e a assistente social Cristina Ramos Meira (Divulgação)

Reciprocidade
A troca de afeto, como no caso de Mário, que agradece a visita e aguarda um reencontro em breve, pode favorecer, também, um caminho inverso: as pessoas se apaixonarem pelos animais. Foi o que aconteceu com a estudante Ariadne Gleyse da Silva, de 26 anos, que mora em Morro Agudo, a 70 quilômetros de Ribeirão Preto.

Ariadne conta que não era muito ligada aos pets, até ter a vida transformada por eles. Primeiro, quando começou a namorar, o proprietário de um estabelecimento comercial que reúne casa de rações, clínica veterinária e petshop, onde passou a prestar serviços. Depois, ao conhecer os animais do projeto Cão Carinho.

Em março deste ano, após uma indisposição, Ariadne procurou atendimento médico, foi medicada e liberada. No dia seguinte, acordou sem forças nas pernas e nos braços. O quadro piorou e ela
chegou a ser intubada. Transferida para o HC de Ribeirão Preto, ficou mais de quatro meses internada. Foi nesse período que conheceu a Cão Carinho. O problema de saúde está sendo investigado, mas, lentamente, Ariadne vai recuperando movimentos. Nesse processo, os animais têm sido fundamentais.

Além de ter, em casa, três gatas e uma cadela, está sempre na empresa do namorado para acompanhar consultas, banhos, tosas e histórias de vida que têm animais como protagonistas. “Converso, dou carinho, alimento, trato como filhos. Hoje, eles são minha vida”.

Dante chama a atenção por onde passa no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto

Benefícios
Pesquisas recentes apontam os benefícios dos animais de estimação para a saúde humana. Em 2021, um estudo feito pelo Human Animal Bond Research Institute (HABRI) – Instituto de Pesquisa da Interação Humano-Animal, na tradução do inglês –, com 2 mil norte-americanos, apurou que 74% relataram melhora na saúde mental devido ao contato com os pets e 75% observaram melhora em amigos ou familiares.

Em levantamento anterior da HABRI, feito em 2019, com 2.036 pessoas, sendo 1.469 tutores de pets, 26% afirmaram possuir animais de estimação por causa dos benefícios que a interação com eles pode trazer, como ajudar na conexão com outras pessoas, diminuir a timidez e a solidão.

Em 2013, a American Heart Association – Associação Norte-Americana do Coração, na tradução do inglês – havia demonstrado que animais de estimação estimulam hábitos saudáveis, como a prática de exercícios físicos, bem como reduzem o risco de diabetes e de doenças cardíacas.

Em outra pesquisa, com mais de 6 mil participantes, no Reino Unido, 90% disseram acreditar que os pets os ajudaram a lidar emocionalmente com o confinamento durante a pandemia de Covid-19. E 96% citaram que, graças aos animais, mantiveram-se ativos em suas rotinas de atividades físicas e interação social, mesmo em meio à crise sanitária.

Ariadne Gleyse da Silva

Sensibilidade
Segundo o Instituto Pet Brasil, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), havia no país, no fim de 2021, 149,6 milhões de animais de estimação. O predomínio era de cães (58,1 milhões), seguidos pelas aves (41 milhões), gatos (27 milhões) e peixes ornamentais (20,8 milhões). Répteis, pequenos mamíferos e bichos de outras espécies somavam 2,53 milhões. Em todos esses segmentos, houve crescimento em relação ao ano anterior, principalmente de gatos (5,9%), peixes (4,5%) e cães (3,9%).

Ainda segundo o instituto, o mercado pet movimentou, no ano passado, R$ 60,2 bilhões no Brasil, contra R$ 51,7 bilhões em 2021 e R$ 40,8 bilhões em 2020. Uma prova de que a forma de tratar os animais vem mudando.

Para a psicóloga Débora Bigheti, cooperada da Cocred desde 2006, as pessoas estão cada vez mais atentas aos benefícios da convivência com os pets. Ela cita, como exemplo, a gestão de responsabilidades dos tutores. “Cria uma rotina para quem cuida, dá comida. Assim, a gente sai um pouco da gente e pensa no outro”.

Débora também vê contribuições para o enfrentamento da depressão e da ansiedade, e o afastamento da solidão. “É um refúgio. Sabe aquela coisa de ter para onde correr? Os animais ajudam na
socialização. Eu moro em um condomínio. Quando chego, tem um pessoal andando com os cachorrinhos, param para conversar. É um momento em que você sempre encontra alguém”.

Ainda para a psicóloga, os animais tiveram papel fundamental durante a pandemia de Covid-19, o que ajudou a consolidar uma visão sobre eles bem diferente da que se tinha anos atrás. “Antigamente, não havia esse cuidado de levá-los ao veterinário, entender os animais como seres que têm necessidades, que têm uma sensibilidade aguçada”.

Essa percepção é reforçada pelo contato da própria Débora com as duas calopsitas de estimação. “Quando a gente chega, elas vão atrás, ficam piando porque querem subir no sofá. Um carinho gratuito, que é algo simples, mas tão gracioso. Os animais merecem maior respeito do ser humano, justamente por causa desse apoio que podem dar”.

Débora Bigheti

Os mascotes da Cocred
Os benefícios da presença de animais de estimação no ambiente de trabalho já são conhecidos há algum tempo pela Cocred. A cooperativa leva a sério a proteção e o bem-estar animal. Quatro cachorros moram no Centro Administrativo, em Sertãozinho. Amáveis e dóceis, caíram nas graças dos colaboradores. A identificação foi tanta que eles se transformaram em mascotes do programa de Endomarketing e estão sempre nas campanhas internas, seja em ilustrações, histórias em quadrinhos, desenho animado e outras peças de comunicação.

Há três anos, Barba, Malu, Chicão e Vitória fazem, todos os dias, a alegria de quem convive com eles. Mais ainda quando visitam aos andares do Centro Administrativo. São momentos de muitos afagos, “lambeijos”, carícias e boas risadas, que tornam a rotina de trabalho mais leve.

Revista Cocred Mais

Esta reportagem está na edição 43 da Revista Cocred Mais. Quer conferir a edição na íntegra? Clique aqui.

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